Nuno Portas, pai de Paulo e Miguel Portas, morreu em Lisboa, deixando uma marca indelével na arquitetura e no pensamento sobre a cidade. A sua carreira destacou-se não só pelos projetos arquitetónicos, mas também como pensador, investigador e impulsionador de políticas habitacionais, com projeção internacional, nomeadamente em Espanha e no Brasil. A sua intervenção mais marcante ocorreu após o 25 de Abril de 1974, quando assumiu o cargo de secretário de Estado da Habitação e Urbanismo. Foi nessa altura que criou o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), uma iniciativa decisiva para responder às necessidades habitacionais urgentes de um país a sair de uma longa ditadura. A sua obra e vida foram pautadas por uma "preocupação constante com os direitos dos cidadãos à habitação digna e à cidade", defendendo acerrimamente o "direito à cidade". A Ordem dos Arquitetos (OA), da qual era membro honorário, declarou luto oficial, afirmando que "qualquer palavra sobre o legado de Nuno Portas na história da arquitetura portuguesa é escassa perante a importância da obra que nos deixou". A OA celebrou a sua "extraordinária vida" como "o maior arquiteto-urbanista da história contemporânea" e o "político governante decisivo nas políticas de habitação". O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, evocou-o como "uma das personalidades mais visionárias e brilhantes" da segunda metade do século XX português, destacando o seu notável percurso como arquiteto, professor e animador de movimentos cívicos e culturais.

Ordem dos Arquitetos declara "luto oficial" pela morte de Nuno Portas