Esta iniciativa representa uma potencial viragem na política externa portuguesa, alinhando o país com um movimento crescente na Europa, mas gerou um debate interno sobre a oportunidade e as condições para tal passo.
A decisão, comunicada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, surge após a participação de Portugal numa conferência internacional na ONU sobre a solução de dois Estados.
O executivo considera que estão reunidas várias condições, incluindo a concertação com países parceiros e garantias apresentadas pela Autoridade Palestiniana, como a “condenação dos atos terroristas do Hamas e exigência do seu total desarmamento”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, salientou o processo “muito prudente e muito sensato” do Governo, afirmando que os órgãos de soberania estão “particularmente sincronizados” e que a ponderação é feita “em conjunto”.
No entanto, a posição do Governo não é consensual.
Partidos à esquerda, como o Bloco de Esquerda e o PCP, consideram que a decisão “vem tarde” e já deveria ter sido concretizada.
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, criticou a demora, afirmando que “o reconhecimento do Estado da Palestina é um dever do Estado português perante a lei internacional” e que o Governo só avança agora “porque os ventos estão a mudar”. O PCP reiterou que a decisão “urge e já deveria ter sido concretizada”, considerando que o anúncio do Governo “é inseparável da pressão da opinião pública”.